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Museu do Campo de Concentração do Tarrafal recebe visita do ex. preso politico angolano

Museu do Campo de Concentração do Tarrafal recebe visita do ex. preso politico angolan

O Museu do Campo de Concentração do Tarrafal recebeu ontem a visita do ex. preso político angolano Alberto Correia Neto.

A visita teve como objetivo oferecer a sua fotografia para integrar acervo do museu e visitar pela primeira vez o espaço acompanhado da sua esposa que havia deixado em Luanda aquando do seu deportamento para o Tarrafal em 1970.

Alberto Correia Neto chegou no Campo de Concentração do Tarrafal com 20 anos de idade junto com mais catorze (14) angolanos da segunda leva de presos, detidos pela PIDE (Policia Internacional e de Defesa do Estado), por opuserem ao regime salazarista que teimava em não proclamar a independência de Angola.

Chegaram no então chamado “Campo da morte lenta”, em 1970, numa altura em que tudo era censurado. Durante dois anos permaneceram numa cela isolada dos restantes angolanos para evitar comunicações e uma possível rebelião.

O ex recluso lembra que tinham apenas 30 minutos de intervalo e 15 minutos por as refeições, que eram normalmente arroz com favas. O menu apenas continha carne ou peixe quando recebiam visita da cruz vermelha que periodicamente realizava uma vistoria com o fito de certificar em que condições viviam os presos.

As restantes horas do dia aproveitavam para estudar, rezar e arquitetar formas de comunicarem os companheiros que estavam na cela ao lado, os guineenses.

“O mais triste eram as censuras que faziam às nossas cartas, toda as partes que eles achavam que não deviam estar na carta riscavam com uma tinta preta. Isso nos magoava muito”.

Durante quatro anos foi assim, até o dia 1 de maio de 1974, quando o Campo de Concentração do Tarrafal recebeu o alvará de soltura de todos os presos.

Um dia que Alberto Neto recorda com muita emoção, pois voltou a ter esperança de voltar para casa e reencontrar a sua família.

Hoje com 72 anos, diz que voltar ao lugar que marcou a sua vida toca-lhe a alma, mas ao mesmo tempo é bom voltar a ver, mesmo que seja por fotografia, os colegas que durante anos partilhar a dor, a fome, doenças e as saudades de casa.

“Se perguntarem se valeu a pena digo que sim, valeu a pena viver tudo aquilo para podermos ver o nosso país livre daquele regime que causou atrocidades pelo mundo. Hoje o sentimento é de felicidade porque a cadeia é uma escola e aqui aprendemos o humanismo, a capacidade de amar o próximo.”

A visita ao Museu do Campo de Concentração foi presidida pela Diretora dos Museus Ana Samira Baessa e acompanhada pela embaixadora de Angola em Cabo Verde Júlia Machado e pela esposa do ex preso Paula Correia.

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