Candidatura do Campo de Concentração do Tarrafal a Património Mundial – Contextualização histórica da repressão colonial a partir do Campo de Tarrafal de São Nicolau

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No âmbito da elaboração do dossiê de candidatura do ex-Campo de Concentração do Tarrafal de Santiago à Lista do Património Mundial da UNESCO, uma missão técnica do Instituto do Património Cultural, coordenada por Sandra Mascarenhas, encontra-se na ilha de São Nicolau para a realização de levantamentos históricos, arquitetónicos e territoriais, integrando este território na fundamentação da candidatura enquanto experiência concentracionária embrionária em Cabo Verde.

No quadro desta missão, foram realizadas reuniões técnicas com a Câmara Municipal do Tarrafal de São Nicolau, bem como uma visita de inspeção ao antigo Campo de Concentração daquele município, acompanhada pelo historiador José Cabral, com vista à avaliação do estado de conservação, levantamento das necessidades imediatas de salvaguarda (limpeza e delimitação) e análise da proposta de classificação patrimonial a nível nacional.

O Seminário-Liceu, localizado na cidade da Ribeira Brava, será visitado ainda no decorrer da missão, prevendo-se um encontro institucional com o pároco local. Este imóvel, que acolheu os primeiros presos políticos enviados para Cabo Verde nos anos 1930, constitui um elemento-chave na leitura histórica do sistema repressivo colonial. A equipa técnica irá proceder à análise preliminar das suas características arquitetónicas, estado de conservação e potencial para integração no dossiê, com base em critérios como autenticidade, integridade e valor simbólico. Estão em consideração propostas técnicas para reabilitação, sinalização interpretativa e futura musealização.

Como parte do plano de trabalho, está ainda prevista uma sessão pública de socialização do processo de candidatura do Campo de Concentração de Tarrafal de Santiago e a sua relação com Tarrafal de São Nicolau, a realizar-se no auditório da Câmara Municipal, destinada à apresentação dos objetivos da candidatura e recolha de contributos da comunidade local. Esta abordagem participativa visa garantir a ancoragem territorial do dossiê, em conformidade com os princípios da Convenção do Património Mundial (1972).

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