Cabo Verde tem feito um trabalho contínuo de valorização e preservação do seu património.
Este trabalho passa, também, pelo reforço da capacidade técnica das pessoas que trabalham na área.
Deste modo, o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, através do Instituto do Património Cultural, tem realizado cursos e formações de melhoria e capacitação técnica dos seus quadros, mas também de todos os que estão envolvidos no processo de salvaguarda, valorização e preservação do património.
Neste sentido, arrancam nesta segunda-feira, 25 de agosto, dois cursos na cidade da Praia: Acessibilidade em Museus, no Instituto do Património Cultural, e Arqueologia Subaquática na AECID, este segundo destinado a técnicos, especialistas e membros da Comissão Nacional do Património Subaquático.
A abertura foi presidida pelo Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Augusto Veiga, que o apontou como materialização de um pacto com a herança coletiva comum, em benefício de todas as gerações.



“Cabo Verde conserva, nas suas águas territoriais, um valioso património subaquático — testemunho de séculos de intensa navegação marítima, sobretudo entre os séculos XV e XVII, quando o arquipélago se afirmou como uma das mais relevantes plataformas de ligação entre África, Europa e América”.
A riqueza e a diversidade deste património arqueológico são testemunhos vivos das rotas comerciais, do encontro de povos e culturas e das relações que moldaram o mundo atlântico.
Nos últimos anos, têm sido implementadas importantes iniciativas científicas e de valorização, entre as quais: Reforço do quadro legal e institucional; Catalogação e georreferenciação de 132 naufrágios em todas as ilhas, no âmbito do Projeto CONCHA e do Projeto Margulhar, financiados pelo Programa MAC da União Europeia (2019-2023); Criação do Museu de Arqueologia da Boa Vista, inaugurado em 2023; 1º Chantier École em Arqueologia Subaquática, realizado em junho de 2024, na Cidade Velha, com a participação de profissionais de oito países africanos; Integração em exposições internacionais, nomeadamente no Museu de Arqueologia de Nice, no âmbito da celebração do Dia Mundial dos Oceanos 2025.


Iniciativas estão que não são ações isoladas, mas sim parte de uma visão estratégica, alinhada com os princípios da Convenção da UNESCO sobre a Proteção do Património Cultural Subaquático, da qual Cabo Verde é Estado Parte desde 2008.
“Não se trata de ações pontuais, mas de um caminho estruturado que reforça a credibilidade de Cabo Verde e abre portas a novas parcerias, financiamentos e redes internacionais.”
Esta iniciativa, apoiada pela Cooperação Espanhola através do Programa ACERCA da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento, representa um marco no reforço de capacidades técnicas e institucionais, contribuindo para a salvaguarda e valorização do património cultural subaquático de Cabo Verde.
“Aos formandos, deixo uma palavra de encorajamento: que esta semana de formação seja um estímulo adicional para colocar o património subaquático no lugar de destaque que merece, assegurando que ele seja cada vez mais estudado, protegido e valorizado.”