Ao contrário do número de angolanos e guineenses, o número de presos políticos cabo-verdianos foi bastante inferior aos demais, perfazendo um total de 20 reclusos.
Esses chegaram ao Campo de Trabalho de Chão Bom, de forma faseada, sendo que o primeiro grupo daria entrada a 26 de março de 1970, constituído por 4 indivíduos: Lineu Miranda, Luís Fonseca, Jaime Schofield e Carlos Dantas Tavares, reforçado meses depois, em maio do mesmo ano, por mais 3 reclusos (Fernando dos Reis Tavares, Gil Querido Varela e José Maria Querido). Todavia, esse trio permaneceria no Tarrafal por um período bastante menor, tendo saído em dezembro de 1970.
O grupo de cabo-verdianos veria o seu número aumentar a 20 de março de 1971 com a chegada de mais 13 detidos, no qual se encontrava o mais jovem preso político cabo-verdiano no “campo de trabalho”, o João Augusto Divo Macedo, de apenas 17 anos.
Entre os reclusos cabo-verdianos encontravam-se presos com mais escolaridade e “bagagem política e intelectual” do que os outros, sendo que os mais letrados foram ministrando aulas de alfabetização, política, etc., aos restantes colegas durante o tempo de enclausuramento no Tarrafal.
Aos cabo-verdianos foi destinada uma cela de dimensão menor, uma vez que o grupo era de longe em menor número que as duas outras nacionalidades de reclusos políticos. Estava localizada na ala dos presos de delito comum, ala à esquerda, medida essa tomada para evitar o contacto e influência entre os demais presos.