Situado na localidade de Chão Bom, o Campo de Concentração do Tarrafal foi construído no ano de 1936, com base no decreto nº 26:539 de 23 de abril. A colonia penal recebeu os seus primeiros presos a 29 de outubro do mesmo ano, tendo funcionado até 1956. Em 1962 foi reaberto com o nome de “Campo de Trabalho de Chão Bom”, destinado a encarcerar os anticolonialistas de Angola, Guiné Bissau e Cabo Verde. No total foram presas mais de 500 pessoas, sendo 340 antifascistas e 230 anticolonialistas.
As condições de sobrevivência no Campo de Concentração eram duras e desumanas. Os maus tratos, o isolamento e as humilhações aos quais os presos eram ali sujeitos, conduziram muitos à morte ou deixaram sequelas psíquicas e físicas. Para além do trabalho forçado, as torturas recorrentes como a frigideira, a estátua, a tortura do sono, os espancamentos, figuravam as práticas desumanas dentro de toda uma panóplia de maus tratos.
ler maisNeste contexto, o campo de Concentração do Tarrafal está gravado no imaginário dos portugueses, angolanos, guineenses e cabo-verdianos como o “campo da morte lenta” ou “da morte”. Durante os mais de trinta anos de funcionamento, serviu para a prática dos mais hediondos crimes, deixando marcas físicas e psicológicas irreversíveis, naqueles que ousaram opor-se à ordem político-social vigente do Estado Novo, Salazarismo.
Pela história e memoria que acareta, o Campo de Concentração do Tarrafal foi inscrito na lista indicativa de Cabo Verde para UNESCO pelos critérios III e VI
O Campo de Concentração do Tarrafal preserva na sua totalidade as suas caraterísticas originais, encontrando-se em bom estado de conservação. Após a sua desativação, o complexo funcionou como centro de instrução militar e desde 2000 alberga o Museu de Resistência.
O “campo da morte lenta” foi classificado Património Cultural Nacional através da Resolução nº 33/2006, de 14 de Agosto. Com intuito de assegurar a sua administração e gestão, foi criada a Curadoria do Campo de Concentração de Chão Bom, Tarrafal através da Resolução nº 64/2014, de 12 Agosto.
Pelos elementos estruturais, históricos, funcionais e simbólicos, este campo, equipara-se a outros espaços homónimos erguidos durante a vigência dos regimes totalitários que proliferaram pela Europa (1933-1945), sendo os mais sintomáticos Auschwitz e Dauchau.
O Campo de Concentração do Tarrafal, pelas suas caraterísticas acima mencionadas, ajusta-se a Robben Island (África do Sul), inscrito na Lista de Património Mundial da UNESCO em 1999.
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