A ilha do Fogo ou a ilha de São Filipe, como era conhecida aquando da descoberta em 1460 pelos portugueses, foi a segunda a ser povoada entre 1470 e 1490. A sua ocupação foi preconizada por ricos proprietários da Ribeira Grande de Santiago (Cidade Velha), com os seus escravos, no seguimento da carta de limitação de privilégios de 1472, que obrigava os moradores de Santiago a comercializarem, na costa africana, somente produtos originários da ilha.
Não obstante esta limitação, estes moradores aproveitaram a oportunidade para estender as suas produções de algodão para ilha do Fogo, sendo este utilizado para comercialização na costa africana, mesmo sabendo que estavam infringindo a lei. É neste contexto que São Filipe surgiu como primeiro centro urbano da ilha, emergindo no espaço onde foi construído a capela de São Felipe, local onde hoje fica o denominado “cemitério de baixo”.
ler maisEnquanto comércio esclavagista na Ribeira Grande (Cidade Velha), São Filipe desempenhou um papel crucial, pois o principal produto de troca no resgate de escravos na costa africana derivava do algodão. O pano produzido na ilha do Fogo era muito apreciado no comércio esclavagista, tendo deste modo, levado a Coroa Portuguesa, em 1687, a proibir a sua venda às potências marítimas concorrentes (França, Holanda e Inglaterra).
Entretanto com a decadência da Ribeira Grande, no século XVIII, fez com que São Filipe vivesse um período de decadência económica, levando os grandes proprietários substituíram a produção do algodão por outras culturas, entre as quais, leguminosas, vinicultura, café e purgueira. Assim sendo, São Filipe experimentou um aumento económico, com a exportação do milho e do feijão para Madeira e Canárias, mas igualmente o café e o vinho, sendo este último muito apreciado no mercado brasileiro.
Desta forma, a produção e a exportação da ilha permitiram o enriquecimento da elite local, com repercussões significativas a nível do edificado urbano de São Filipe, caso concreto dos sobrados, que dominam a malha urbana deste centro histórico.
O Centro Histórico de São Filipe foi inscrito na Lista Indicativa de Cabo Verde para UNESCO a 16 de março de 2016, pelos critérios IV e VI.
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