Os angolanos chegaram ao Tarrafal a 25 de fevereiro de 1962. Foram os primeiros presos políticos a inaugurar o então denominado Campo de Trabalho de Chão Bom (CTCB).
Numa primeira leva, esses presos formavam um grupo de 31 homens, constituídos sobretudo por negros, alguns mestiços e pouquíssimos brancos.
No total, de 1962 a 1974, passaram pelo CTCB 106 angolanos constituídos por grupos bastantes heterogéneos.
Essa heterogeneidade dos grupos era visível nos presos afetos aos diferentes movimentos de libertação (UNITA, MPLA, FNLA), nos seus níveis de escolaridade (desde camponeses analfabetos a estudantes citadinos com formação académica e política superior, média ou técnica), pelas profissões (operários, médicos, engenheiros, enfermeiros, funcionários de serviços públicos e comerciais, escritores, músicos, estudantes, etc.) e pela faixa etária composta por jovens com idade mínima de 20 anos a idosos com idade máxima de 72 anos. Para permanência desses presos no Tarrafal, saíam dos cofres de Luanda, 20 escudos diários, para cada preso, o que contribuía para que esses tivessem uma alimentação “melhor” do que a dos vizinhos de cela, os guineenses.