Duas datas marcantes para Cabo Verde. O marco de 25 de abril de 1974 que precipitou o encerramento do Campo de Concentração de Tarrafal, na ilha de Santiago, também conhecido como Campo da Morte Lenta a 1 de maio de 1974 vai ser recordado com um evento que reúne 4 países: Cabo Verde, Portugal, Angola e Guiné-Bissau.
O programa de atividades foi apresentado na manhã desta segunda-feira, 18 de março, numa conferência de imprensa que contou com a presença do Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, a presidente do Instituto do Património Cultural, Ana Samira Baessa, o Embaixador de Portugal, Paulo Lourenço e o Embaixador da Guiné-Bissau, Ibraima Sanó.
“Celebramos conjuntamente estes 50 anos de 25 de abril e Encerramento do Campo de Concentração de Tarrafal como os nossos países irmãos porque sabemos que este espaço de memória não pertence apenas a Cabo Verde”, começou por dizer o Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente.
Uma celebração que, também, poderá integrar outras iniciativas que vem sendo preparadas para esta data, como da Presidência da República e da Câmara Municipal do Tarrafal.
“Tarrafal nunca mais”, um grito que ecoou e continua a ecoar, passado meio século em alusão isolamento e maus tratos sofridos pelos presos políticos. E para evitar que situações dessas continuem e perpetuem, urge uma reflexão programada no âmbito de um Memorando assinado em novembro do ano passado entre Cabo Verde e Portugal, com atividades que foram concertadas com Angola e Guiné-Bissau.
Sob o título “Liberdade em Memória”, o Campo de Concentração que ainda está bem presente na memória enquanto espaço de clausura daqueles que lutavam pela libertação do Regime Salazarista e, posteriormente pela liberdade do seu país, com duas fases da sua história e presos políticos dos 4 países irmãos e de língua portuguesa, vai acolher importantes momentos de diálogo com revitalização de importantes espaços como a biblioteca dos títulos proibidos, inauguração de auditório, exposição, atividades educativas com escolas, atividades culturais, com o ponto alto a ser o Simpósio Internacional de 2 dias.
O Campo de Concentração do Tarrafal foi contruída em 1936 na sequência da reorganização do sistema prisional durante o Estado Novo em Portugal que vigorou de 1933 e 1974.
O objetivo foi de isolar e desterrar opositores do regime salazarista, um regime de ditadura assente no condicionamento das liberdades de expressão, de escolha de sindicalismo e pluripartidarismo.
Funcionou entre 1936 e 1954 para receber presos políticos portugueses, opositores do regime fascistas vigente em Portugal.
8 anos mais tarde em 1962 o espaço é reaberto como Campo de Trabalho de Chão Bom, desta para receber os presos políticos africanos, que se batiam nas lutas de libertação nacional das ex colónias Angola, Guiné e Cabo Verde, tendo funcionando até 1 de maio de 1974.
Em maio de 2024 marca os 70 anos do seu encerramento como colónia penal e 50 anos do encerramento como Campo de Trabalho marcado pela libertação de todos os presos ate então encarcerados.