Conversa aberta – Museu do Campo de Concentração do Tarrafal

Conversa aberta – Museu do Campo de Concentração do Tarrafal

Enquadrado no 49º aniversário do encerramento do Campo de Concentração do Tarrafal, ocorrido a 01 de maio, o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas através do Instituto do Património Cultural promoveu ontem uma conversa aberta entre os ex-presos políticos cabo-verdianos e alguns combatentes da liberdade da pátria.

Arlindo dos Reis Borges e Luís Furtado Mendonça partilharam com os alunos das escolas secundárias do agrupamento I e II do 10º e 11º ano, tudo o que vivenciaram no Campo de Concentração desde 18 de agosto de 1970, data em que foram capturados pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE).

“A comida era precária, às vezes serviam-nos peixe estragado, cheguei a apanhar disenteria bacteriana que o médico daqui na altura confirmou que foi devido à má alimentação. Médico este, que vinha uma vez por mês e dava-nos um comprimido que servia praticamente para todas as doenças. Não tínhamos um tratamento condigno.” – Arlindo dos Reis Borges.

Todavia, durante os 4 anos de encarceramento, mantiveram-se firmes nessa luta, pois sabiam que um dia iriam vencer. “A causa era tão grande que se formos ver a cadeia foi o de menos. Tínhamos a certeza que íamos conseguir concretizar o sonho de Cabral e de todos os cabo-verdianos, que era a independência de Cabo Verde. No dia 1 de maio ouvimos alguém gritar lá fora “os presos políticos irão sair às 14h. Se não saírem, haverá morte!” – Luís Furtado Mendonça.

Julião Lopes Cabral e Simão Moreira também deram o seu testemunho nessa luta que acontecia fora das prisões. “A escravatura, a exploração, foram alguns dos motivos que me fizeram com pouca idade, interessar em entrar para esta luta. E era em Achada Falcão, Assomada, que os camaradas faziam a mobilização das pessoas, tudo dentro da clandestinidade” – Julião Lopes Cabral.

“Os mais velhos, principalmente o Amílcar Cabral, que estava na linha da frente desta luta, recomendavam que escutássemos mais e falássemos menos. Quando soube da sua morte, estava em São Tomé, e foi uma enorme deceção, mas continuámos a lutar para que tudo que ele tinha feito até então não fosse em vão.” – Simão Moreira.

Estes são testemunhos de alguns homens que lutaram contra o colonialismo português em prol da independência de Cabo Verde.

Testemunhos e memórias de vida contadas pelos próprios protagonistas aos jovens e adolescentes do Tarrafal.

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